terça-feira, 1 de abril de 2014

A difícil hora da despedida.




Acabo de perder meu tio, irmão do meu pai, 46 anos, pai de dois filhos, trabalhador, brincalhão, sonhador, bom de coração, feliz!

Era alcoólatra e isso era o que muitas vezes o afastava da família e daqueles que amava.

Foi a primeira pessoa próxima que perdi, havia perdido uma tia à uns anos atrás, mais vi ela duas vezes, o contato era diferente, mas esse meu tio tenho muitas lembranças. Antes mesmo de eu vir para Dublin ele foi lá em casa se despedir de mim. Me chamando de baixinha, como sempre fez J

Era uma pessoa que gostava de viver!

Rezava muito por ele, queria muito que ele se recuperasse. Ele foi internado duas vezes, mas ficava bem um tempo e depois tinha recaídas.

E então, chega a hora dele, de uma maneira trágica, o médico legista disse que foi um AVC ou ataque cardíaco, mas ele foi encontrado no rio dois dias depois. O que impossibilitou uma despedida apropriada (caixão fechado).

Deus foi misericordioso com ele, levando-o dessa vida onde vícios e sofrimentos nos cercam. Deus o levou para um lugar de paz, um lugar sem dor e sofrimento.

Mas nosso lado egoísta fala mais alto, pois nessas horas queríamos ele entre nós, queríamos contar com a risada e histórias dele. Sabemos que ele está melhor que nós, mas dói aceitar isso.

A morte é algo que chegará para todos, mas quando ela chega, assim de surpresa é dolorida demais.

Mesmo que saibamos que Deus tem um propósito muito maior para nós do que essa vida que nos foi emprestada.

Mesmo que saibamos que estar com Deus é simplesmente maravilhoso, se quando somos tocados na terra já nos sentimos abençoados imagina ter isso por toda eternidade.

Mesmo que saibamos que um dia nos encontraremos novamente.

Mesmo que saibamos que nada nessa vida nos pertence.

Mesmo que saibamos que ele não iria querer ver ninguém sofrendo.

Mesmo que saibamos que um dia iremos passar por isso também, será a nossa vez.

Mas sabe o que eu realmente concluí? Que nessa hora a família não precisa se fazer de forte, se quer chorar, chore! Se quer gritar, grite. Dói muito e é pior guardar isso.

Precisamos estar fortes, pois estamos aqui e precisamos seguir nossas vidas e caminhos, mas precisamos viver esse luto!

Precisamos superar isso, mas aos poucos!

Perder alguém que amamos é algo extremamente dolorido, pela primeira vez estou tendo essa experiência e confesso que nada se compara!

Precisamos nos despedir, mas sabendo que haverá o reencontro.

Precisamos eliminar os “E SE” de nossas vidas nesse momento. E se ele tivesse conosco naquele dia, e se ela não tivesse pego carona, e se ele não tivesse ido na festa, e se ela não entrasse no mar naquele dia?! Essa combinação atrapalha muita coisa, mas em momentos de perdas é destruidora, coloca dúvidas em nossas cabeças e culpas em nossos corações.

Quando na verdade a morte é algo inevitável, acredito que quando alguém nasce Deus já saiba que dia essa pessoa voltará para ele. E aí não há nada que impeça.

Quando é nossa hora, é ali, é agora, só temos que aceitar.

Não precisa ser de uma hora para outra não.

Como disse precisamos viver essa aceitação um dia de cada vez.

Que possamos viver esse luto com sabedoria e confiança.

Deus sabe o que é melhor para todo mundo.

Por mais que seja difícil aceitar a vontade dele quem somos nós para questioná-las?!

Não é hora de encontrar culpados, não é hora de se culpar, não é hora de lembrar de coisas ruins.

São as lembranças boas que devem permanecer.

Eu infelizmente estou longe nessa hora, minha dor aumenta ao ligar para meu pai e ele mal conseguir falar ao telefone, você ver seu pai, sempre tão forte, passando por isso e você nem ao menos poder abraça-lo não é fácil.

Mas ele precisa viver isso, precisa botar para fora toda essa dor, chega de ser fazer de forte! 

Sei que isso vai passar!

Mando boas vibrações à toda família Santos!

Espero que todos vivam seu luto, da maneira que acharem apropriadas, intensifiquem as lágrimas, mas eliminem as culpas!

Eu confio nos propósitos de Deus.


Ele sempre sabe o que faz!




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