quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Aquele que era tão Chato


O chato

Ele estava cansado de saber tudo, de saber muito e de não saber nada!

Quisera ele ter a cabeça vazia, a alma mais leve e o coração transbordando alegria.

Quisera ele que aquele saber exagerado, aquela vontade louca de ler 300 livros no feriado 
fosse dar uma volta, uma voltinha de 15.000 Km de distância, com passagem só de ida.

Seus olhos fixavam o espelho e seus lábios questionavam:
Quem é você?
Nada de errado nisso, quantas pessoas já se questionaram isso em frente ao espelho.

Aquela sensação de vazio misturava-se com uma sensação de sufoco.

O que ele tinha por trás daquele olhar inquietante? Porque as pessoas o evitam?

Ele aprendera com os pais, que ser inteligente é algo para poucos, e que os privilegiados tem muito sucesso na vida. Que quanto mais você sabe mais bem sucedido você será.

Porém eles nunca explicaram que para tudo tem-se limites. Que saber tudo nem sempre é o mais importante. Que muitas vezes estar errado ajuda a apimentar a nossa vida. Que ler todo o jornal pulando as páginas de entretenimento ajuda a colorir o mundo de cinza, que assistir apenas coisas interessantes, faz você perder o interesse pela vida. 
Que quando alguém come uma maçã na sua frente a pessoa não quer saber a origem da maça, quantas calorias você está consumindo, o que pode-se fazer com a casca, quais os países que não tem plantação da fruta. Que nem todo mundo se interessa pelo que você se interessa. E que se alguém não perguntar alguma coisa é porque ela não quer saber. 
Que esquecer os prazeres da vida ajuda você esquecer quem você é. Qual a sua essência. Que não será lendo todos os livros do mundo que aparecerão em sua vida uma esposa, dois filhos e um cachorro.
Que fazendo tudo isso você se tornará um grande conhecedor, mas um Chato com C maiúsculo.
Desconhecia tudo isso...

Seus cabelos não paravam no lugar, passando mais meio pote de gel, dividindo seus cabelos cuidadosamente no meio tinha conseguido chegar na perfeição de penteado de esperava.
Aquele penteado de anos, aqueles mesmos óculos bifocais, aquela mesma poltrona e aquela mesma vontade de mudar.

Sentado na varanda, olhando as pessoas na boate lá embaixo, todas arrumadas, animadas, felizes, mas não estavam aprendendo nada ali... Aprendendo nada???  Não isso ele não queria.

Seus livros o chamavam, a vontade de mudar desaparecera, e então pegando seus 300 livros e sentando na poltrona o chato começava o seu feriado.

Aprendendo nada mais nada menos de como ser um chato por toda a vida!

Mas feliz de sua maneira!

Maneira chata de ser feliz!



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