quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Aquele que perdeu alguém que amava



Novamente aquele sonho, novamente aquele aperto no peito.

Ouvindo sua angústia sua mulher acariciando-o os cabelos lhe questiona com voz doce se está tudo bem...

Quanta ironia! Como pode estar tudo bem, se a mulher com quem divide a cama não é a mulher que tanto ama, não é a mulher que tanto amou.  Não é aquela com quem sonha todas as noites.

Ah aquela mulher, aquela sim representava a classe feminina com merecimento, era linda, querida, sabia cozinhar, não era ciumenta, para completar era muito inteligente e mais que isso se amava acima de qualquer coisa.

Hoje em dia é muito difícil encontrar uma mulher que se ama, a maioria vive em busca de alguém para não ficar sozinha, são grudentas, desconfiadas e possessivas. Mas ela não.

Ah Meu Deus como ela era diferente...

Dominava todos os assuntos, sabia a hora de calar-se, seus cabelos eram muito mais macios e cheirosos que o normal, era louca por livros e cozinhava como ninguém. Suas mãos tão delicadas e lisinhas, seus olhos sempre querendo dizer algo, ah que Olhos! Aquele jeitinho de menina por fora, mas uma grande mulher por dentro. Possuía um entendimento tão grande sobre as coisas, amava e respeitava sua família, respeitava o próximo, tinha um coração gigante. Tinha sim seus momentos de ira, brigava quando necessário e era uma lástima vê-la chorando. Mas o sorriso dela, nossa o sorriso mais lindo que ele conhecera.

Lembrava-se de como eram prazerosos os momentos com ela, e sentindo aquele aperto no peito lamentou não ter oferecido mais tempo a ela. Lembrou-se da noite que se conheceram, uma noite em que nada estava para dar certo, onde ele não iria estar presente, ela também não, onde a chance de se cruzarem em uma festa cheia como aquela era de 1%, mas não é que aconteceu? Seus olhares se cruzaram e logo após a primeira investida nela ele soube que beijaria aqueles lábios. E depois daquele dia a paixão em ambos aumentava, ela era sempre tão prudente, mas dessa vez não, se entregava cada vez mais aquele romance, ele como bom conquistador abria mão de alguns affair que tinha antes de conhecê-la. Tudo acontecia às avessas. Não seguiam padrões, não pensavam no amanhã.

Os meses passavam a paixão aumentava, não entendia como isso podia ser possível. A vontade de se ver aumentava, as ligações não paravam.

E vasculhando suas lembranças, forçava a lembrança sobre o término, como pode um amor tão bonito, tão fogoso e forte ser interrompido por dificuldades da vida que ele não soube administrar. Como pode algo que tinha tudo para dar certo acabar por medo, insegurança e incerteza?

Ela só queria mais tempo, ela só queria finais de semanas com ele, almoço em família e cinema de vez em quando. Ele poderia ter dado, mas não quis. Pensou que não a perderia mas a perdeu...

E hoje depois de 12 anos sem ter noticias nenhuma dela, sem saber se casou, teve filhos, se mudou, como está, se continua bela ou não, sonha todas as noites com ela, com os momentos que viveram, com a paixão que sentiram e que ele ainda sente, hoje mesmo depois de casado, mesmo com filhos, se questiona como seria se a reencontrasse, sabe que não ficariam juntos, pois se bem lembra os valores dela jamais se envolveria com um homem casado, mesmo que divorciado.
 Mas queria poder vê-la de novo, abraçar-lhe e sentir o corpo dela bem pertinho do dele, sentir o coração dela como sentia quando estavam juntos, queria poder olhar nos olhos dela e sentir-se amado como sentia quando ela o olhava, queria poder sentir o cheiro dela e tocar-lhe os cabelos. 
Queria muitas coisas com ela, ah só ele sabia o quanto queria... Mas agora era tarde, ela também deveria estar casada, ela provavelmente também já era mãe...

Virando-se para a esposa (aquela que ele não amava, mas que até que era boazinha) deu-lhe um beijo na testa (assim como Judas quando traiu Jesus) dizendo-lhe apenas que havia tido um pesadelo, um pesadelo sem importância.

Sem importância, mas que iria atormentá-lo todos os dias de sua vida.

Enquanto aquele amor não terminasse, enquanto aquele amor não fosse resolvido, enquanto aquele amor deixasse de ser amor e virasse apenas boas lembranças do passado.



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